A maioria das mulheres que são diagnosticadas com câncer de mama não possuem um antecedente claro da doença na família. Ser mulher e envelhecer são os principais fatores de risco para desenvolver esse tipo de câncer, que é o mais comum entre as mulheres, depois do câncer de pele não melanoma. Em apenas 10% das mulheres que são diagnosticas com câncer de mama identificamos uma mutação genética responsável pela doença.

O que isso significa?

Isso significa que não ter ninguém com esse diagnóstico na sua família não garante que você nunca desenvolverá o câncer de mama, assim como, ter alguém com o diagnóstico não implica que você seja uma pessoa com altas chances de ter também.

Sei que parece complicado, mas vou te ajudar a identificar os principais fatores de risco.

Quais são os principais fatores de risco para o câncer de mama?

Identificamos como uma mulher com alto risco para desenvolver o câncer de mama ao longo da vida aquelas que possuem em sua famílias casos como:

  • Mutações genéticas relevantes e já conhecidas na família (como as mutações nos genes BRCA1, BRCA2, p53, PTEN)
  • Origem judaica asquenaze
  • Câncer de mama masculino
  • Câncer de mama ou ovário em 2 parentes de primeiro grau acima de 50 anos
  • Câncer de mama ou ovário em 1 parente de primeiro grau abaixo dos 50 anos
  • Câncer de mama bilateral
  • Câncer de mama e ovário na mesma pessoa
  • Exposição a altas doses de radiação no tórax para tratamento de outro câncer (se você fez radioterapia no tórax)

Caso você se enquadre no grupo de mulheres que possuí algum desses casos na família, procure um mastologista para saber o que você precisa fazer para investigar melhor qual seu risco e o que você pode fazer para diminuir o risco de desenvolver o câncer de mama.

Caso você não se enquadre nesses casos de alto risco, segue uma lista de fatores que podem influenciar, em menor grau, o risco para a doença:

  • Idade acima de 60 anos (apesar de ser mais comum acima dos 60 anos, o risco já começa a aumentar de maneira significativa aos 40 anos, por isso indicamos fazer mamografia anula a partir dessa idade para o diagnóstico precoce)
  • Obesidade (pode aumentar em 30% o risco de câncer de mama)
  • Reposição hormonal após a menopausa (pode aumentar em 24% o risco)
  • Consumo de álcool

A terapia de reposição hormonal aumenta o risco de câncer de mama?

Essa é uma pergunta muito frequente na rotina dos ginecologistas e mastologistas, então vamos esclarecer bem essa dúvida.

Uma mulher de risco habitual para o câncer de mama, ou seja, aquela que não possui os fatores de alto risco citados anteriormente, tem uma chance de 12% de evoluir com a doença ao longo da vida toda. Se essa mulher fizer reposição hormonal, como falei anteriormente, esse risco aumenta 24%. Ou seja, passa de 12 para 14% de chance de ter câncer de mama ao longo da vida inteira. O impacto não é tão grande quanto pode parecer.

Aproveito para chamar a atenção para o risco associado à obesidade. Muitas mulheres têm medo da reposição hormonal, mas não sabem que o estilo de vida pode ter uma influência da mesma proporção que o tratamento com hormônios. Se associada a uma mudança de estilo de vida, a reposição hormonal pode trazer diversos benefícios para a mulher na pós menopausa. Mas tudo deve ser conversado e orientado em consulta médica.

Referência: Vencer o câncer de mama / Antonio Carlos Buzaid, Fernando Cotait Maluf e Debora de Melo Gagliato – São Paulo: Dendrix, 2020.